PERSPECTIVA
Um dia
que não cabe no calendário,
como folha solta ou exílio.
Palavra
que ainda talvez seja escrita
é fio neste labirinto.
A voz
que lá dentro quase não ouço.
Um dia
que não cabe em valise alguma
é esquecido na plataforma.
Palavra
voa da folha e não retorna.
A mão, a vida por um fio.
Um dia
que não cabe na escrita, tinta
que esvazia a forma do texto
A voz
que volta do exílio do espelho
traz na face o silêncio do outro.
À mão, a vida se anuncia
como um apartamento no osso.