segunda-feira, 13 de outubro de 2014


Aquele Abraço  (Gilberto Gi)

O Rio de Janeiro continua lindo
O Rio de Janeiro continua sendo
O Rio de Janeiro, fevereiro e março
Alô, alô, Realengo
Aquele Abraço!
Alô torcida do Flamengo
Aquele abraço
Chacrinha continua
Balançando a pança
E buzinando a moça
E comandando a massa
E continua dando
As ordens no terreiro
Alô, alô, seu Chacrinha
Velho guerreiro
Alô, alô, Terezinha
Rio de Janeiro
Alô, alô, seu Chacrinha
Velho palhaço
Alô, alô, Terezinha
Aquele Abraço!
Alô, moça da favela
Aquele Abraço!
Todo mundo da Portela
Aquele Abraço!
Todo mês de fevereiro
Aquele passo!
Alô Banda de Ipanema
Aquele Abraço!
Meu caminho pelo mundo
Eu mesmo traço
A Bahia já me deu
Régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu
Aquele Abraço!
Pra você que me esqueceu
Aquele Abraço!
Alô Rio de Janeiro
Aquele Abraço!
Todo o povo brasileiro
Aquele Abraço!


  Em tempos de ódio pré-eleitoral, quando a linguagem trai 
a frustração, o desamor e a incapacidade de realização, 
travestindo-se de falsas escolhas, patrocinadas pela mídia 
dos donatários e suas capitanias hereditárias, vai aqui a 
sugestão de um paródia de Aquele abraço. Mude Realengo 
(alusão à prisão de Gil no tempo da repressão) por outro 
bairro e veja o desdobramento. Mude o time, a escola 
de samba, o apresentador, o estado de origem e veja 
as alterações que ocorrem em consequência. 
   Já foi dito que um país que não conhece a sua história 
a repete como farsa. Ou como paródia. Aquele abraço.


Marcus Vinicius Quiroga   


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