domingo, 14 de outubro de 2012


 

   Após assistir a Nada será como antes, paro para pensar que as canções de Milton Nascimento foram a trilha sonora de minha vida. E me corrijo: foram a trilha sonora da minha geração. Então vejo: idade nem sempre corresponde à geração. Ou: há muitas gerações que são contemporâneas.
   Muitas vezes me surpreendi, ao reconhecer que pessoas do mesmo tempo e da mesma cidade viveram coisas tão diferentes e como  podemos ser distantes daqueles que supostamente pertencem (pertenceram) à nossa geração.

 

Certas Canções


Certas canções que ouço
Cabem tão dentro de mim
Que perguntar carece
Como não fui eu que fiz?

Certa emoção me alcança
Corta-me a alma sem dor
Certas canções me chegam
Como se fosse o amor

Contos da água e do fogo
Cacos de vidas no chão
Cartas do sonho do povo
E o coração pro cantor
Vida e mais vida ou ferida
Chuva, outono, ou mar
Carvão e giz, abrigo
Gesto molhado no olhar

Calor que invade, arde, queima, encoraja
Amor que invade, arde, carece de cantar

 

    Na MPB não há compositor com a voz de Milton ou (Se preferirem)
não há cantor com as suas composições. Daí seus discos terem, desde os anos 60, sido o pano de fundo musical da nossa história.
    A primeira estrofe fala, de forma especular, da identificação das suas canções com os nossos pensamentos. Outros outubros virão.Que notícias me dão dos amigos? Que notícias me dão de você? Coração americano. Acordei de um sonho estranho. Um gosto, vidro e corte. Descobri que as coisas mudam e que tudo é pequeno nas asas da Panair.

 

Marcus Vinicius Quiroga

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