sexta-feira, 10 de abril de 2015

A MÚLTIPLA ROSA DOS VENTOS






Rosa dos Ventos

E do amor gritou-se o escândalo
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima para socorrer
E na gente deu o hábito
De caminhar pelas trevas
De murmurar entre as pregas
De tirar leite das pedras
De ver o tempo correr
Mas sob o sono dos séculos
Amanheceu o espetáculo
Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdão
E a prudência dos sábios
Nem ousou conter nos lábios
O sorriso e a paixão
Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa dos ventos danou-se
O leito do rio fartou-se
E inundou de água doce
A amargura do mar
Numa enchente amazônica
Numa explosão atlântica
E a multidão vendo em pânico
E a multidão vendo atônita
Ainda que tarde
O seu despertar

    Uma das mais sugestivas letras da MPB se oferece a várias leituras, em virtude de sua carga simbólica. Interpretações de fundo social ou individual são possíveis.
     A melodia no caso também é exemplo de uma feliz união, pois transmite a gradação da letra e o seu clímax.
      Façamos um poema em que haja um contrate como nos seguintes versos:

Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdão

com a violência do sentimento.


Marcus Vinicius Quiroga

Nenhum comentário:

Postar um comentário