segunda-feira, 6 de julho de 2015

SINGULARÍSSIMA PESSOA


                                                  AUGUSTO DOS ANJOS


Budismo Moderno
  
Tome, Dr., essa tesoura, e... corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo meu coração, depois da morte?

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contacto de bronca dextra forte!

Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!

Neste poema, como em outros, Augusto dos Anjos mescla dicções,
dando um ar novo ao soneto e à literatura do fim do século XIX, com
a qual também mantém afinidades . Faça um poema em que haja algum
tipo de mistura.











Nenhum comentário:

Postar um comentário