OS SAPOS
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Parnasiano aguado,
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
Em, Os sapos, Bandeira critica o Parnasianismo. Faça um texto metalinguístico sobre alguma estética
literária.
PORQUINHO-DA-ÍNDIA
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…
— O meu porquinho-da-índia foi minha
primeira namorada.
Faça um texto em prosa dizendo o que foi
metaforicamente seu(sua) primeiro(a) namorado(a), como o porquinho-da-índia foi
para Bandeira.
POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL
João Gostoso era
carregador de feira livre
e morava no morro
da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele
chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou
na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
Escolha um poema e
o transforme em um texto em prosa, como se fosse uma notícia de jornal,
fazendo, assim, o trajeto inverso ao de Bandeira.
O BICHO
Vi ontem um
bicho
na
imundície do pátio
catando
comida entre os detritos.
Quando
achava alguma coisa,
não
examinava nem cheirava:
engolia com
voracidade.
O bicho não
era um cão,
não era um
gato,
não era um
rato.
O bicho,
meu Deus, era um homem.
Neste
poema, para dar a dimensão da miséria humana,
Bandeira mostra o homem se comportando como um bicho.
Pense em outra analogia para fazer uma crítica social que
revele as circunstâncias adversas da condição humana.
Bandeira mostra o homem se comportando como um bicho.
Pense em outra analogia para fazer uma crítica social que
revele as circunstâncias adversas da condição humana.
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