quinta-feira, 5 de março de 2015

A VISÃO CRÍTICA

















Murilo Mendes



MODINHA DO EMPREGADO DO BANCO

Eu sou triste como um prático de farmácia,
sou quase tão triste como um homem que usa costeletas.
Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher
mas só ouço o tectec das máquinas de escrever.

Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda.

Quantas meninas pela vida afora!
E eu alinhando no papel as fortunas dos outros.
Se eu tivesse estes contos punha a andar
a roda da imaginação nos caminhos do mundo.

E os fregueses do Banco

que não fazem nada com estes contos!
Chocam outros contos para não fazerem nada com eles.

Também se o diretor tivesse a minha imaginação

o Banco já não existiria mais
e eu estaria noutro lugar.

Neste poema, Murilo Mendes critica a burocracia, a rotina e ganância,
entre outras coisas. Faça a sua modinha, mostrando a oposição entre a vida
do dia a dia e aquela idealizada por você.


Marcus Vinicius Quiroga


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