Textos sobre a criação literária
segunda-feira, 30 de abril de 2012
|
Parte
superior do formulário
|
Parte
inferior do formulário
|
|
Tradução do poema THE ROAD NOT TAKEN
Duas
estradas num bosque amarelo divergiam;
Triste
por não poder seguir as duas
Sendo
um só viajante, muito tempo parei
Olhando
uma delas, até onde podia alcançar,
Pois,
atrás das moitas, ela dobrava.
Então tomei a outra que me pareceu de igual
beleza,
Uma
vantagem talvez oferecendo
Por
ser cheia de grama, querendo ser pisada;
Embora
neste ponto o estado fosse o mesmo
E
uma, como a outra, tivesse sido usada.
E naquela manhã todas as duas tinham
Folhas
ainda não escurecidas pelos passos
Ora!
Guardei a primeira para um outro dia!
Mas
sabendo como uma estrada leva a outra,
Duvidei
poder um dia voltar!
Contarei esta história suspirando
Daqui
a séculos e séculos em algum outro lugar:
Duas
estradas, num bosque, divergiam; e eu
Tomei
a que era menos frequentada;
E
foi isso a razão de toda a diferença!
THE ROAD NOT TAKEN
Robert Frost
Two roads diverged in a
yellow wood,
And sorry I could not
travel both
And be one traveller,
long I stood
And looked down one as
far as I could
To where it bent in the
undergrowth;
Then took the other, as
just as fair,
And having perhaps the
better claim,
Because it was grassy
and wanted wear;
Though as for that the
passing there
Had worn them really
about the same,
And both that morning
equally lay
In leaves no step had
trodden black.
Oh, I kept the first
for another day!
Yet knowing how way
leads on to way,
I doubted if I should
ever come back.
I shall be telling this
with a sigh
Somewhere ages and ages
hence:
Two roads diverged in a
wood, and I –
I took the one less
traveled by,
And that has made all
the difference.
|
|
O famoso poema de Robert Frost serve
para apresentar a questão cotidiana e existencial das escolhas. Aqui temos a
escolha entre dois caminhos (mas poderia ser entre vários) para ilustrar a
necessidade de decisão. Inevitável, a decisão se dá, mesmo à nossa revelia.
Escrever é também escolher palavras,
combinações, imagens, formas, linguagens... ou a ausência de tudo isto. Não há
, portanto, inocência na escrita.
Se não há inocência na literatura,
não há acaso em certo sentido. Todo texto pode ser visto como consequência de
escolhas. Assim como às vezs não há como seguir duas estradas ao mesmo tempo
(porque um caminho acaba por excluir o outro), um texto exige a nossa entrega e
participação e uma vida literária é sempre uma estrada que tomamos.
Embora não seja incomum encontrar
escritor que não associe o texto (o fato) à sua causa, como se as palavras
surgissem espontaneamente e a avalição fosse o gosto-não gosto ou
gosto-porque-fui-eu-que-fiz, lembremo-nos de que textos e estradas escolhidas
implicam nosso comprometimento.
Frost nos ensina que escolhemos a
estrada que seguimos e a que não seguimos. Logo escolher faz um duplo
movimento: o de querer e o de abrir mão. Quando fazemos um poema, escolhemos
dizer algo e escolhemos também não dizer outras coisas.
E é isto, sim , que faz toda a
diferença.
Marcus Vinicius Quroga
Nenhum comentário:
Postar um comentário