quarta-feira, 2 de maio de 2012



Textos sobre a criação literária

 


segunda-feira, 30 de abril de 2012

 




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Tradução do poema THE ROAD NOT TAKEN

Duas estradas num bosque amarelo divergiam;
Triste por não poder seguir as duas
Sendo um só viajante, muito tempo parei
Olhando uma delas, até onde podia alcançar,
Pois, atrás das moitas, ela dobrava.


Então tomei a outra que me pareceu de igual beleza,
Uma vantagem talvez oferecendo
Por ser cheia de grama, querendo ser pisada;
Embora neste ponto o estado fosse o mesmo
E uma, como a outra, tivesse sido usada.


E naquela manhã todas as duas tinham
Folhas ainda não escurecidas pelos passos
Ora! Guardei a primeira para um outro dia!
Mas sabendo como uma estrada leva a outra,
Duvidei poder um dia voltar!


Contarei esta história suspirando
Daqui a séculos e séculos em algum outro lugar:
Duas estradas, num bosque, divergiam; e eu
Tomei a que era menos frequentada;
E foi isso a razão de toda a diferença!



THE ROAD NOT TAKEN

Robert Frost


Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveller, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;


Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,



And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.


I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I –
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.





O famoso poema de Robert Frost serve para apresentar a questão cotidiana e existencial das escolhas. Aqui temos a escolha entre dois caminhos (mas poderia ser entre vários) para ilustrar a necessidade de decisão. Inevitável, a decisão se dá, mesmo à nossa revelia.

Escrever é também escolher palavras, combinações, imagens, formas, linguagens... ou a ausência de tudo isto. Não há , portanto, inocência na escrita.

Se não há inocência na literatura, não há acaso em certo sentido. Todo texto pode ser visto como consequência de escolhas. Assim como às vezs não há como seguir duas estradas ao mesmo tempo (porque um caminho acaba por excluir o outro), um texto exige a nossa entrega e participação e uma vida literária é sempre uma estrada que tomamos.

Embora não seja incomum encontrar escritor que não associe o texto (o fato) à sua causa, como se as palavras surgissem espontaneamente e a avalição fosse o gosto-não gosto ou gosto-porque-fui-eu-que-fiz, lembremo-nos de que textos e estradas escolhidas implicam nosso comprometimento.

Frost nos ensina que escolhemos a estrada que seguimos e a que não seguimos. Logo escolher faz um duplo movimento: o de querer e o de abrir mão. Quando fazemos um poema, escolhemos dizer algo e escolhemos também não dizer outras coisas.

E é isto, sim , que faz toda a diferença.





Marcus Vinicius Quroga 

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