POEMA DE SETE MÁSCARAS
Quando morri ,
o cineasta Godard
disse: “Basta de fita!
Não faça cena!
No cinema
todo sangue é extrato de tomate”.
Os livros espiam da estante
Os discos se espalham na noite.
Nada será como antes,
se houvesse na agenda o tempo.
O vagão passa cheio de tecnologia:
celulares, iPods, tablets.
Para que tanta fala
e tão pouco diálogo?
Pergunto a mim, do outro lado.
O homem atrás dos óculos
é sério e simples. Irônico
o destino e seus clichês.
Lê Sartre e Camus
num bulevar francês.
Onde é que Deus se esconde,
perdidos o bonde
e a esperança?
Mundo mundano mundo,
não fossem tantos os danos.
Meu coração contemporâneo
acha chato ser moderno
e chatas as máscaras modernas
que ignoram a história.
Eu não sei se devo escrever
se versos são enigmas ou achados,
mas essa lua de ateliê
mas essa rua sem saída
mas essa vida que passa ao largo.
Marcus Vinicius Quiroga
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