Uma das maneiras de fazer o leitor participar da obra é dizer que algo aconteceu e suscitar dúvida sobre se realmente ocorreu ou não. Ao forjar dados, o ficcionista mostra que a realidade também é uma criação. De fato, nem mesmo o historiador é objetivo, sempre cultiva algum grau de subjetividade. Com o advento de novas tecnologias para registrar a realidade, como a máquina fotográfica, o narrador ficcional se obrigou a ser mais detalhista e, assim, passar mais a sensação do real. Ora, sabemos que tampouco a fotografia corresponde à verdade, pois também é arte, vista do jeito que se quer, sem falar que, no fundo, o narrador jamais será verdadeiro.
Godofredo de Oliveira Neto
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