segunda-feira, 1 de julho de 2013

EXERCÍCIO DE INTERTEXTUALIDADE



DESENCANTO

Eu faço versos como quem chora
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

– Eu faço versos como quem morre.

Manoel Bandeira
 

DESCENDO LADEIRAS

Eu faço versos
como quem desce ladeiras
rolando verbos
abocanhando cantos

Versos carregados
de mistérios
Soltos
volúveis
ásperos

Eu faço versos
como quem soluça

Marcia Barroca





    Descendo ladeiras faz parte de POEMAS NUS, novo livro de Marcia Barroca, e estabelece uma relação intertextual com Desencanto, de Manoel Bandeira.
     Façamos também um poema em que explicitemos o modo como escrevemos, usando o início de Desencanto: “ Eu faço versos como quem...”.

Marcus Vinicius Quiroga    


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