Cena Familiar
Affonso Romano de Sant'Anna
Densa e doce paz na semiluz da sala.
Na poltrona, enroscada e absorta,
uma filhadesenha patos e flores.
Sobre o couro, no chão,
a outra viaja silenciosanas artimanhas do espião.
Ao pé da lareira a mulher se ilumina numa gravura
flamenga, desenhando, bordando pontos de paz.
Da mesa as contemplo e anoto a felicidade
que transborda da moldura do poema.
A sopa fumegante sobre a mesa, vinhos e queijos,
relembranças de viagens e a lareira acesa.
Esta casa na neblina, ancorada entre pinheiros,
é uma nave iluminada.
Um oboé de Mozart torna densa a eternidade
Observemos esta cena familiar que, a princípio descritiva,vai, aos poucos, se tornando poética. No verso “ao pé da lareira a mulher se ilumina numa gravura”, já temos o verbo iluminar, desfazendo o discurso referencial.
A partir daí, outras imagens vão surgindo: bordar pontos de paz, transbordar da moldura do poema ...
Mas é nos versos finais que o prosaico (a cena familiar que se dá em inúmeras casas) se faz poético, com a metáfora casa: nave iluminada e com a música de Mozart dando àquele momento status de eternidade.
Marcus Vinicius Quiroga
sexta-feira, 17 de junho de 2011
quarta-feira, 15 de junho de 2011
A LINGUAGEM E SEUS FRACASSOS
ASSIM COMO
Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade, Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada. Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada. Assim tudo o que existe, simplesmente existe. O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença. Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.
Alberto Caeiro
O poema de Pessoa ilustra a questão do fracasso da linguagem, ou da entropia, quando o pensamento se torna palavra, como se esta nunca atingisse a total identidade com aquele.
Em um poema temos a relação entre pensamento, linguagem e realidade. Logo podemos ter distância entre pensamento e linguagem, e entre linguagem e realidade.
Um poema não é o que poeta quis dizer, mas o que ele disse e como ele disse. Um poema não é uma mensagem emitida verticalmente
O jogo de palavras dos primeiros versos, por exemplo, é um modo de dizer algo, e não apenas este “algo”.
Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade, Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada. Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada. Assim tudo o que existe, simplesmente existe. O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença. Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.
Alberto Caeiro
O poema de Pessoa ilustra a questão do fracasso da linguagem, ou da entropia, quando o pensamento se torna palavra, como se esta nunca atingisse a total identidade com aquele.
Em um poema temos a relação entre pensamento, linguagem e realidade. Logo podemos ter distância entre pensamento e linguagem, e entre linguagem e realidade.
Um poema não é o que poeta quis dizer, mas o que ele disse e como ele disse. Um poema não é uma mensagem emitida verticalmente
O jogo de palavras dos primeiros versos, por exemplo, é um modo de dizer algo, e não apenas este “algo”.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
INTERPRETAÇÕES, SEMPRE NO PLURAL
Tu, Místico
Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas.
Para ti tudo tem um sentido velado.
Há uma cousa oculta em cada cousa que vês.
O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa.
Para mim, graças a ter olhos só para ver,
Eu vejo ausência de significação em todas as cousas;
Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada.
Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.
Alberto Caeiro
No dia do aniversário de Fernando Pessoa, nada melhor do que um texto seu para reflexão. Este é de Alberto Caeiro, heterônimo, de extrema coerência e de particular lógica, que trata de um tema de sua predileção: a significação.
As palavras são o que significam ou o que interpretam que elas sejam? Se na política nacional há a famosa história do fato e da versão. na vida também temos versões, e não fatos. E na literatura temos interpretações, sempre no plural. Porque são múltiplas as leituras, as ideologias que se aproximam (e se apropriam) do texto, e as interpretações segundo este ou aquele interesse.
Para Nietzsche, interpretação é sempre uma questão de interesse. Seja lá de que ordem for.
Daí ser susceptível de interpretação é deixar de ser, é ser capturado pela leitura alheia, pela alheia versão, pela alheia parcialidade.
Se lembrarmos que parcialidade vem de parte, toda interpretação é a visão de uma parte, visto que o todo sempre nos escapa.
Párea mestre Caeiro, ser não significa, ser é.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
MATERIAIS POÉTICOS I
Materiais
A utilidade da pedra:
fazer um muro ao redor
do que não dá para amar
nem destruir.
A utilidade do gelo:
apaga tudo que arde
ou pelo menos disfarça.
A utilidade do tempo:
o silêncio.
Paulo Henriques Britto
A utilidade da pedra:
fazer um muro ao redor
do que não dá para amar
nem destruir.
A utilidade do gelo:
apaga tudo que arde
ou pelo menos disfarça.
A utilidade do tempo:
o silêncio.
Paulo Henriques Britto
quarta-feira, 8 de junho de 2011
O TEMPO E AS QUATRO PAREDES
Le Passe-Muraille
Resumo
Le Passe-Muraille é um romance de Marcel Aymé publicado em 1943. Ele representa um grande homem chamado Dutilleul que tinha o dom singular de passar através das pare-des sem serem incomodados. Ele usava um pince-nez, um negro pequeno cavanhaque, e ele foi contratado pela terceira classe no Departamento de Registro. Tipo da wan rapaz, cinza invisível, o Sr. Dutilleul saberá perfeitamente aventuras repreenden-tes, encontrar um amor e perdendo o dom excepcional para ficar preso na parede. Ele tem o pintor Eugene Paul e sua guitarra para confortar a solidão. A acção tem lugar Norvins rua em Montmartre no 18 º arrondissement, onde viveu Marcel Aymé.
Neste livro de Marcel Aymé o personagem ficava alguns dias dentro das paredes, e outros, fora. Já a poesia não aceita paredes; deseja-se cotiddiana.
Reparem como na sentença anterior, opus tempo a espaço, para chamar atenção para a estreita relação entre os dois. A princípio, poderíamos dizer que a existência se dá no tempo e no espaço. Ou diríamos que o tempo usa o espaço,posto que o tempo passa, e o espaço, não.
Ao fim da existência, não há mais tempo,mas sobra o espaço. Agora vazio. Portanto, ao fim e ao cabo, a existência se dá mesmo no tempo. E o espaço se faz necessário para que o tempo se espalhe.
Em Guardar, o poeta-filósoto Antonio Cícero,de certa maneira,mostra que as coisas não são guardadas nos espaços, como cofre,mas do lado de fora, através do atos de olhar, admirar e iluminar,atos que só existem no tempo e dependem de alguém para fazê-los, ao contrário do cofre. O olhar e o iluminar têm duração, o cofre, não.
Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso, melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que de um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
Antonio Cícero
Podemos guardar poemas em gavetas, disquetes, CDs,mas a poesia só é guardada no tempo. Por isto, precisamos cuidar (pensar) do tempo para que haja o voo (duração) do pássaro, e não só o pássaro em seu ninho,digo, em seu espaço. Poemas,como pássaros,foram feitos para o ar livre do tempo.
A poesia não pode ficar presa, dentro das quatro paredes dos hábi-tos e dos relógios de um mundo supostamente familiar.
Podemos guardar poemas em gavetas, disquetes, CDs,mas a poe-sia só é guardada no tempo. Por isto, precisamos cuidar (pensar) do tempo para que haja o voo (duração) do pássaro, e não só o pássaro em seu ninho,digo, em seu espaço. Poemas,como pássaros,foram feitos para o ar livre do tempo.
A poesia não pode ficar presa, dentro das quatro paredes dos hábitos e dos relógios de um mundo supostamente familiar. A poesia exige que saiamos do lugar para guardá-la,fora de lugar. No tempo. Sempre.
Resumo
Le Passe-Muraille é um romance de Marcel Aymé publicado em 1943. Ele representa um grande homem chamado Dutilleul que tinha o dom singular de passar através das pare-des sem serem incomodados. Ele usava um pince-nez, um negro pequeno cavanhaque, e ele foi contratado pela terceira classe no Departamento de Registro. Tipo da wan rapaz, cinza invisível, o Sr. Dutilleul saberá perfeitamente aventuras repreenden-tes, encontrar um amor e perdendo o dom excepcional para ficar preso na parede. Ele tem o pintor Eugene Paul e sua guitarra para confortar a solidão. A acção tem lugar Norvins rua em Montmartre no 18 º arrondissement, onde viveu Marcel Aymé.
Neste livro de Marcel Aymé o personagem ficava alguns dias dentro das paredes, e outros, fora. Já a poesia não aceita paredes; deseja-se cotiddiana.
Reparem como na sentença anterior, opus tempo a espaço, para chamar atenção para a estreita relação entre os dois. A princípio, poderíamos dizer que a existência se dá no tempo e no espaço. Ou diríamos que o tempo usa o espaço,posto que o tempo passa, e o espaço, não.
Ao fim da existência, não há mais tempo,mas sobra o espaço. Agora vazio. Portanto, ao fim e ao cabo, a existência se dá mesmo no tempo. E o espaço se faz necessário para que o tempo se espalhe.
Em Guardar, o poeta-filósoto Antonio Cícero,de certa maneira,mostra que as coisas não são guardadas nos espaços, como cofre,mas do lado de fora, através do atos de olhar, admirar e iluminar,atos que só existem no tempo e dependem de alguém para fazê-los, ao contrário do cofre. O olhar e o iluminar têm duração, o cofre, não.
Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso, melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que de um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
Antonio Cícero
Podemos guardar poemas em gavetas, disquetes, CDs,mas a poesia só é guardada no tempo. Por isto, precisamos cuidar (pensar) do tempo para que haja o voo (duração) do pássaro, e não só o pássaro em seu ninho,digo, em seu espaço. Poemas,como pássaros,foram feitos para o ar livre do tempo.
A poesia não pode ficar presa, dentro das quatro paredes dos hábi-tos e dos relógios de um mundo supostamente familiar.
Podemos guardar poemas em gavetas, disquetes, CDs,mas a poe-sia só é guardada no tempo. Por isto, precisamos cuidar (pensar) do tempo para que haja o voo (duração) do pássaro, e não só o pássaro em seu ninho,digo, em seu espaço. Poemas,como pássaros,foram feitos para o ar livre do tempo.
A poesia não pode ficar presa, dentro das quatro paredes dos hábitos e dos relógios de um mundo supostamente familiar. A poesia exige que saiamos do lugar para guardá-la,fora de lugar. No tempo. Sempre.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
POESIA E ESCOLHA
CONVERGÊNCIA
não é só a folha
que escolhe
o poema
também a pena
escolhe
o tema
as palavras
não é só a folha
que a pena
ara
também a palavra
cava fundo
e esbarra
no sentido
não é só o silêncio
que escolhe
o poeta
também no não dito
ele
se espelha
todo poema olha
o mundo
de um modo
não há texto
que não seja feito de escolha
Bernado Campos
Todo texto é feito de escolhas paradigmáticas e sintag-máticas, como se dizia. Todo texto é um recorte (e poderia ser outro), logo nos faz olhar para uma determinada direção (e não para outras) e pensar em certas coisas (e não em outras).
Cada palavra em si já é uma escolha. E na poesia, mais do que na prosa, ela tem mais razões para estar ali naquele lugar do texto.
Toda palavra é histórica. Toda escolha também.
Para o leitor de formação mais sincrônica, a percepção diacrônica do mundo é mais difícil. Ele só lê o texto no momento, como se as palavras não estivessem ali há muito tempo. Quem não olha para o antes da palavra, não lhe percebe o sentido.
As escolhas não são só sincrônicas, elas têm um pretéri-to, uma raiz. Querer compreender o texto pensando só no momento presente é não querer compreendê-lo.
Leitores sincrônicos normalmente andam em círculos e não se dão conta das razões que os levam a não sair do lu-gar. Associações erradas os conduzem a interpretações erradas.
Todo texto responde por suas escolhas. Do mesmo modo o leitor.
Os acasos diminuem na relação direta do crescimento das escolhas. E se algo se repete com frequência, é sinal de que a repetição não é por acaso.
Não há tanto “destino”, quando há mais escolhas.
Com a sucessão histórica de escolhas o poeta constrói sua casa; outros, o vazio.
Do lado de fora, tudo é espelho.
Marcus Vinicius Quiroga
não é só a folha
que escolhe
o poema
também a pena
escolhe
o tema
as palavras
não é só a folha
que a pena
ara
também a palavra
cava fundo
e esbarra
no sentido
não é só o silêncio
que escolhe
o poeta
também no não dito
ele
se espelha
todo poema olha
o mundo
de um modo
não há texto
que não seja feito de escolha
Bernado Campos
Todo texto é feito de escolhas paradigmáticas e sintag-máticas, como se dizia. Todo texto é um recorte (e poderia ser outro), logo nos faz olhar para uma determinada direção (e não para outras) e pensar em certas coisas (e não em outras).
Cada palavra em si já é uma escolha. E na poesia, mais do que na prosa, ela tem mais razões para estar ali naquele lugar do texto.
Toda palavra é histórica. Toda escolha também.
Para o leitor de formação mais sincrônica, a percepção diacrônica do mundo é mais difícil. Ele só lê o texto no momento, como se as palavras não estivessem ali há muito tempo. Quem não olha para o antes da palavra, não lhe percebe o sentido.
As escolhas não são só sincrônicas, elas têm um pretéri-to, uma raiz. Querer compreender o texto pensando só no momento presente é não querer compreendê-lo.
Leitores sincrônicos normalmente andam em círculos e não se dão conta das razões que os levam a não sair do lu-gar. Associações erradas os conduzem a interpretações erradas.
Todo texto responde por suas escolhas. Do mesmo modo o leitor.
Os acasos diminuem na relação direta do crescimento das escolhas. E se algo se repete com frequência, é sinal de que a repetição não é por acaso.
Não há tanto “destino”, quando há mais escolhas.
Com a sucessão histórica de escolhas o poeta constrói sua casa; outros, o vazio.
Do lado de fora, tudo é espelho.
Marcus Vinicius Quiroga
quinta-feira, 2 de junho de 2011
O REGISTRO COLOQUIAL E A IRONIA
Sonetilho de verão
Traído pelas palavras.
O mundo não tem conserto.
Meu coração se agonia.
Minha alma se escalavra.
Meu corpo não liga não.
A idéia resiste ao verso,
o verso recusa a rima,
a rima afronta a razão
e a razão desatina.
Desejo manda lembranças.
O poema não deu certo.
A vida não deu em nada.
Não há deus. Não há esperança.
Amanhã deve dar praia.
Neste poema temos o uso de registros diferentes para que que ocorra um choque,um estranhamento. A linguagem coloquial já não é há muito tempo novidade na poesia, mas o convívio de diferentes registros é a causa do novo neste texto. A expressão popular final, típica do linguajar carioca, estabelece um distanciamento irônico em relação ao que foi dito acima. De afirmações graves como "o mundo não tem conserto" ou "meu coração se agonia" o poema chega a um final inesperado com "amanhã deve dar praia". Não é só o discurso coloquial que interrompe questões existenciais sérias, mas a mudança de interesse: a possiblidade de praia,isto é,de prazer imediato, físico, possível no lugar de respostas a questões de ordem metafísica,e talvez inalcançáveis.
Traído pelas palavras.
O mundo não tem conserto.
Meu coração se agonia.
Minha alma se escalavra.
Meu corpo não liga não.
A idéia resiste ao verso,
o verso recusa a rima,
a rima afronta a razão
e a razão desatina.
Desejo manda lembranças.
O poema não deu certo.
A vida não deu em nada.
Não há deus. Não há esperança.
Amanhã deve dar praia.
Neste poema temos o uso de registros diferentes para que que ocorra um choque,um estranhamento. A linguagem coloquial já não é há muito tempo novidade na poesia, mas o convívio de diferentes registros é a causa do novo neste texto. A expressão popular final, típica do linguajar carioca, estabelece um distanciamento irônico em relação ao que foi dito acima. De afirmações graves como "o mundo não tem conserto" ou "meu coração se agonia" o poema chega a um final inesperado com "amanhã deve dar praia". Não é só o discurso coloquial que interrompe questões existenciais sérias, mas a mudança de interesse: a possiblidade de praia,isto é,de prazer imediato, físico, possível no lugar de respostas a questões de ordem metafísica,e talvez inalcançáveis.
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