quarta-feira, 8 de junho de 2011

O TEMPO E AS QUATRO PAREDES

Le Passe-Muraille
Resumo
Le Passe-Muraille é um romance de Marcel Aymé publicado em 1943. Ele representa um grande homem chamado Dutilleul que tinha o dom singular de passar através das pare-des sem serem incomodados. Ele usava um pince-nez, um negro pequeno cavanhaque, e ele foi contratado pela terceira classe no Departamento de Registro. Tipo da wan rapaz, cinza invisível, o Sr. Dutilleul saberá perfeitamente aventuras repreenden-tes, encontrar um amor e perdendo o dom excepcional para ficar preso na parede. Ele tem o pintor Eugene Paul e sua guitarra para confortar a solidão. A acção tem lugar Norvins rua em Montmartre no 18 º arrondissement, onde viveu Marcel Aymé.

Neste livro de Marcel Aymé o personagem ficava alguns dias dentro das paredes, e outros, fora. Já a poesia não aceita paredes; deseja-se cotiddiana.
Reparem como na sentença anterior, opus tempo a espaço, para chamar atenção para a estreita relação entre os dois. A princípio, poderíamos dizer que a existência se dá no tempo e no espaço. Ou diríamos que o tempo usa o espaço,posto que o tempo passa, e o espaço, não.
Ao fim da existência, não há mais tempo,mas sobra o espaço. Agora vazio. Portanto, ao fim e ao cabo, a existência se dá mesmo no tempo. E o espaço se faz necessário para que o tempo se espalhe.
Em Guardar, o poeta-filósoto Antonio Cícero,de certa maneira,mostra que as coisas não são guardadas nos espaços, como cofre,mas do lado de fora, através do atos de olhar, admirar e iluminar,atos que só existem no tempo e dependem de alguém para fazê-los, ao contrário do cofre. O olhar e o iluminar têm duração, o cofre, não.


Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso, melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que de um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

Antonio Cícero


Podemos guardar poemas em gavetas, disquetes, CDs,mas a poesia só é guardada no tempo. Por isto, precisamos cuidar (pensar) do tempo para que haja o voo (duração) do pássaro, e não só o pássaro em seu ninho,digo, em seu espaço. Poemas,como pássaros,foram feitos para o ar livre do tempo.
A poesia não pode ficar presa, dentro das quatro paredes dos hábi-tos e dos relógios de um mundo supostamente familiar.
Podemos guardar poemas em gavetas, disquetes, CDs,mas a poe-sia só é guardada no tempo. Por isto, precisamos cuidar (pensar) do tempo para que haja o voo (duração) do pássaro, e não só o pássaro em seu ninho,digo, em seu espaço. Poemas,como pássaros,foram feitos para o ar livre do tempo.
A poesia não pode ficar presa, dentro das quatro paredes dos hábitos e dos relógios de um mundo supostamente familiar. A poesia exige que saiamos do lugar para guardá-la,fora de lugar. No tempo. Sempre.

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