ESPREITA
Na cama, ouvimos
gotejar o silêncio.
Entre lençóis
apenas se escuta
o barulho de
luzes
acendendo a
noite.
As ruas
caminham
com seus
passos de paralelepípedos
Assustados com
a chuva,
o corpo
curvado da ladeira.
para se
esquivar da acupuntura
das agulhas
molhadas.
O quarto
sobrevive
à queixa
e esperamos,
indóceis, o silêncio escurecer.
Ronaldo Costa
Fernandes
Vejamos a presença da sinestesia neste poema, para distinguirmos o caso
específico da sinestesia nas imagens sensoriais.Esta figura de palavra consiste em agrupar e reunir sensações
originárias de diferentes órgãos do sentido: visão, tato, olfato, paladar e
audição. Já denominamos de imagem sensorial, quando existe apenas a referência
aos sentidos, mas sem a sua união.
No
terceiro verso, temos “ barulho de luzes’ e no último, “silêncio escurecer”, ou seja, a imagem une os sentidos auditivo e
visual nos dois casos.
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