Ricardo do Carmo
O HOMEM VIRTUAL
Como dentro do lar
coubesse a terra
toda,
navego um mar de
arquivos
e mundos
aparentes.
Sou de todos os
lugares,
menos de mim
mesmo.
Eu não me concluo
e, fragmentado,
cada pedaço meu
é um inimigo.
Atravessando rios
que não molham,
chão que não piso
gente que não
sinto
(lágrimas de
cristal líquido),
vivo o que não
vivo
como foda em fada.
E falando nisso
a minha namorada
é o meu
computador.
O mouse
a extensão do meu
carinho,
meu webtesão.
São tantas opções
de sexo
para uma
masturbação perfeita
que, sobre o
teclado,
minhas mãos
queimam excitadas.
E gozo de vocês
todos.
Gozo desse mundo
que já não é tão
grande assim
e cabe dentro do
meu silêncio.
Navegando essa nau
online
persigo meu
artificial destino.
Como diriam
antigos navegadores:
Navegar é preciso
Viver não é
preciso.
Com base no poema
de Ricardo do Carmo, escreva
sobre a relação entre a literatura e a internet.
sobre a relação entre a literatura e a internet.