LADRANTE (Salgado Maranhão)
Ouço ladrar
uma ausência
que rasteja:
loba
a rosnar
com a pata dos
brutos.
Ouço com os
dentes,
sinto com as
unhas,
tangido pelo
que
em mim
é instinto e
êxtase.
Estou escrito
em muitos
nadas
e bateram em
minha porta
com um nome
que já não
sou:
borda estrada
comida pelo
deserto.
Posso estar
louco
como a
tempestade;
posso estar
enfermo
como as
utopias.
Mas grito na
carne
uma acesa
sanha de ser.
Um raio de pernas ruivas
Um raio de pernas ruivas
rasgou meu
silêncio,
desde então
sou somente
este abrigo de
enredos.
Esta porta
aberta aos pássaros.
O grande poeta Salgado Maranhão acaba de lançar o livro
O mapa da tribo, do qual retiramos este texto.
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