segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O MAPA DA POESIA DE SALGADO MARANHÃO











LADRANTE    (Salgado Maranhão)

Ouço ladrar uma ausência
que rasteja:
loba
a rosnar
com a pata dos brutos.

Ouço com os dentes,
sinto com as unhas,
tangido pelo que
em mim
é instinto e êxtase.

Estou escrito
em muitos nadas
e bateram em minha porta
com um nome

que já não sou:
borda estrada
comida pelo deserto.

Posso estar louco
como a tempestade;
posso estar enfermo
como as utopias.

Mas grito na carne
uma acesa sanha de ser. 
Um raio de pernas ruivas

rasgou meu silêncio,
desde então sou somente
este abrigo de enredos.

Esta porta aberta aos pássaros.


 O grande poeta Salgado Maranhão acaba de lançar o livro
 O mapa da tribo, do qual retiramos este texto. 

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