quarta-feira, 13 de agosto de 2014

POEMA DE CHRISTOVAM CHEVALIER

Comigo é assim

Com a grafia viva
de uma língua extinta
faço minha poesia.

Com o punho exausto
a alma em estado de alerta
assim faço minha poesia.

Criança rabiscando a esmo
afirmando calamidades
no escuro da noite em claro.

Assim faço minha poesia :
com indícios de talento
urgência de doente terminal.

   
    As oposições viva/extinta, exausto x alerta, e escuro x claro mostram a tensão do poema metalinguístico de Christovam. A poesia  não se quer calma, mas feita de calamidade, intenção bem expressa na imagem final, que desconstrói a ideia de poesia ser algo forçosamente agradável, com a lembrança de um “doente terminal”. Por outro lado, a sua urgência a faz necessária na (des)ordem do dia.


Marcus Vinicius Quiroga


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