segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Tecendo a Manhã
1.
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

 João Cabral de Melo Neto


    Embora Cabral fizesse questão de dizer que não gostava de música, usou exaustivamente na segunda parte  do poema a alietração do fonema /t/. Faça um poema em que haja o recurso da aliteração (repetição de um fonema consonantal) com finalidade expressiva.

Um comentário:

  1. OFICINA DE POESIA MARCUS VINICIUS QUIROGA 7 de agosto 2012
    Embora Cabral fizesse questão de dizer que não gostava de música, usou exaustivamente na segunda parte do poema a aliteração do fonema /t. Faça um poema em que haja o recurso da aliteração (repetição de um fonema consonantal) com finalidade expressiva.
    1 - Ao ouvir o Duo-preludio Música de Arthur Verocai, sua musica lembrou-me o som dos ventos e pesquisei palavras com v para fazer esta poesia. Aliteração do fonema /v/.

    O TEMPO DOS VENTOS
    Duo-preludio Música de Arthur Verocai

    Tempo vem
    vem contar das buscas,
    olvidar.
    As lembranças a bailar,
    convidam ao sonho.
    Asas livres a voar.
    Procurar nova rota.
    Abrir portas ou saídas.
    Vento vem rodopiar,
    vislumbrar entre frestas
    a manhã deslizando no ar.
    Belezas a vagar
    no ar suas luzes
    transparências
    Quem sabe alcançar
    caminhos libertos
    onde sombras
    serão apenas borboletas
    a bailar no ar.
    Ventania ao luar
    coreografia de folhas.
    Fugaz como a vida,
    fugitiva do tempo,
    vem faz-me companhia
    nestas horas frias,
    quando me deixo levar.
    Entrelinhas onde revivo
    colhendo na poesia
    saudades e magia.
    Brisa sacode a chama,
    vivências do tempo
    vaidades expostas
    vitrines.
    Frágeis os vidros
    permeiam a luz,
    que segue seu rumo
    como o vento.
    Verão traz vento quente,
    embaça vidraças
    e verga árvores.
    Varre as folhas outonais
    como luz segue vadio
    deixando nossos espelhos
    Mostruários de ilusões
    volúveis transparências.
    como o tempo
    vara a vida.
    Tempo dos vulcões,
    Violento, voraz,
    vidros a vibrar,
    estilhaçando
    na voz do vento.
    varandas de vidro,
    beleza espalhada nos vitrais
    Vem tempo
    revelar verdes vales.
    Ainda procuro
    meu tempo vital
    cheio de desejos
    inexplorados.
    Parto, busco,
    descubro novo veio
    no silvar do vento livre,
    música no ar.
    Como os frágeis
    cacos de vidros,
    dançam ao sabor do vento.
    Na visita do tempo
    verte velho vinho
    nos copos vazios.
    Versos vesperais
    vestígios de amor
    paixões invisíveis
    relembradas,
    trazidas pelo vento.
    O tempo despede-se
    das violetas embriagadas
    no jardim da vida.

    Juçara R. V. Valverde
    Reescrita em 28 de abril de 2009




    2 - Aliteração do fonema /ai/ e /assi/.

    PRESSÁGIO

    Ai de mim que por ti espero
    e ainda vivencio tuas ausências
    ora aio de meus queixumes
    hoje airoso em outras querências
    outrora assimilei a pausa
    fiz doce de aipim
    mas mesmo assim pressinto o fim.



    3 - Aliteração do fonema / orta/

    FLORAÇÃO

    Quando bateu a porta
    fiz da lembrança que entorta
    jogo que vence horas mortas
    e as ilusões aborta.

    Deixei o que a faca corta
    florir na minha horta.

    Juçara Valverde
    7 de agosto de 2012

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