quarta-feira, 14 de novembro de 2012




            ÀS BAILARINAS

            Braços que se abrem para abarcar o mundo.
            Pernas que se alongam procurando caminhos.
            Pés que  desenham múltiplas mandalas.
            Mãos que buscam o suplicado infinito.

            Cabelos, olhos, hora, nuca
            cintura, torso, músculos.

            Mas a bailarina sabe
            que a cada movimento da dança
            corresponde um movimento do espírito.


Cristina da Costa Pereira


Notemos no poema alguns recursos estilísticos: o paralelismo sintático na 1ª estrofe; a enumeração e a representação metonímica, na 2ª; o uso do conectivo  adversativo para afirmar a ideia fundamental do poema (as estrofes anteriores são a  preparação para a inversão da última).  E, principalmente, observemos o jogo concreto x abstrato no final: no movimento da dança (substantivo abstrato) está implícito a concretude do corpo (substantivo concreto), que não se opõe ao espírito.  Antes estabelece uma relação de correspondência, de equivalência. Especularmente,  ambos se refletem. Ao mostrar aptidão própria do que é concreto – movimentar-se -, o espírito inaugura o poético Na palavra movimento incide a luz da linguagem. 



 Marcus Vinicius Quiroga





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