ÀS BAILARINAS
Braços que se abrem para abarcar o mundo.
Pernas que se alongam procurando caminhos.
Pés que desenham múltiplas
mandalas.
Mãos que buscam o suplicado infinito.
Cabelos, olhos, hora, nuca
cintura, torso, músculos.
Mas a bailarina sabe
que a cada movimento da dança
corresponde um movimento do
espírito.
Cristina da Costa
Pereira
Notemos no poema alguns recursos estilísticos: o paralelismo
sintático na 1ª estrofe; a enumeração e a representação metonímica, na 2ª; o
uso do conectivo adversativo para
afirmar a ideia fundamental do poema (as estrofes anteriores são a preparação para a inversão da última). E, principalmente, observemos o jogo concreto
x abstrato no final: no movimento da dança (substantivo abstrato) está implícito a concretude do corpo (substantivo
concreto), que não se opõe ao espírito. Antes
estabelece uma relação de correspondência, de equivalência. Especularmente, ambos se refletem. Ao mostrar aptidão própria
do que é concreto – movimentar-se -, o espírito inaugura o poético Na palavra
movimento incide a luz da linguagem.
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