Celi Luz
BOIA-FRIA
Mão de obra de
engenhos antigos
de sol e chuva
se dão, sofridas mãos
em nosso
tempo.
Vida de mãos
vazias. Escarpadas mãos
como a folha
da cana feito lâmina
feito foice.
A boia pouco
mais que feijão. As mãos
com seus nós,
a cana com seus nós e entrenós.
E nós?
Neste poema de
temática social, Celi Luz sintetiza
o problema do
boia-fria e a possível indiferença
da sociedade
em uma palavra : nós. A ambiguidade
da palavra é o
ponto alto do texto para o qual
todos os
versos convergem.
Faça um poema
em que o sentido ambíguo de uma
palavra seja a
sua força literária.
Marcus
Vinicius Quiroga
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