domingo, 8 de fevereiro de 2015

AMBIGUIDADE





                                                      Celi Luz



BOIA-FRIA

Mão de obra de engenhos antigos
de sol e chuva se dão, sofridas mãos
em nosso tempo.

Vida de mãos vazias. Escarpadas mãos
como a folha da cana feito lâmina
feito foice.

A boia pouco mais que feijão. As mãos
com seus nós, a cana com seus nós e entrenós.
E nós?


Neste poema de temática social, Celi Luz sintetiza
o problema do boia-fria e a possível indiferença
da sociedade em uma palavra : nós. A ambiguidade
da palavra é o ponto alto do texto para o qual
todos os versos convergem.
Faça um poema em que o sentido ambíguo de uma
palavra seja a sua força literária.



Marcus Vinicius Quiroga 

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