sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

OUTRO POEMA DE O DIFÍCIL EXERCÍCIO DAS CINZAS













Ronaldo Costa Fernandes



A PLANTAÇÃO DE EQUÍVOCOS DE MEU PAI

Nas raízes da mais tenra idade,
vi, no quintal, meu pai
cultivar uma plantação de erros.
Era uma beleza de galhos retorcidos, mais densos e rasteiros
como são os pensamentos
em forma de tubérculos
que vivem com a cabeça e o corpo
enfiados na terra.

Aqui, um pé atrás de desconfiança.
Ali, as folhas mortas do desinteresse
e cós cipós do ciúme.

Eu ainda era muito verde para saber
que a vida também é uma fruta:
uns apodrecem ainda em pé,
outros amadurecem enrolados
na quentura dos jornais
enquanto a maioria
segure o ciclo das frutas:
broto, crescimento e
por fim o cárcere dos dentes.


Veja como as imagens se valem de uma área de significação
(quintal, cultivar, galhos, tubérculos, cipós, fruta, apodrecer,
amadurecer, frutas, broto...). Depois faça um poema, usando 
o mesmo recurso e terminado com uma metáfora inusitada
como “cárcere de dentes”.


Marcus Vinicius Quiroga 

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