sábado, 30 de outubro de 2010




O DESAFIO DE DAR TÍTULO À OBRA


Muitos escritores dizem que têm dificuldade na hora de dar um título a seu texto, e há até os que preferem deixa-lo sem título. Neste caso para identificação, usamos o primeiro verso. Isto quando fazemos um poema, e não sei de caso em que haja obra em obra sem título.
Quando o texto é não-literário, sempre disse para o autor fazer o texto e, terminado, olhar para ele e batizá-lo, de acordo com a sua fisionomia. Piada à parte, este “método” pode ser usado também para textos literários.
Devemos ter cuidado de não escolhermos títulos óbvios, que apenas revelem o tema, como acontece com muita redação escolar e com muito poema anterior ao século XX. Lembremo-nos de que o título pode ser usado como o primeiro verso do poema e, portanto, já fazer parte dele. E, mais ainda, que o título pode ser uma oportunidade de criação, para atrairmos a atenção do leitor.
É claro que os gostos são diferentes e os leitores, dependendo também de sua formação, se sentirão mais ou menos seduzidos por este ou aquele título. Se o lugar-comum e o óbvio são objetivos, já a preferência pelo incomum é subjetiva.
Leio no jornal a estréia do espetáculo “Coreografia para prédios, pedestres e pombos” e me sinto atraído pelo título. Em seguida, vejo todas as peças em cartaz e nenhum título me soa criativo. Há os tolos, os apelativos e os corretos como Navalha na carne e Deus da Carnificina, Dolores Duran eternamente. E títulos como Mais respeito que sou tua mãe, Não existe mulher difícil ou A noviça mais rebelde me afastam de qualquer sala de teatro.
Mas a aliteração do “p” no espetáculo de dança e a associação de prédios e pedestres instigam o meu desejo. Então, penso com meus botões: O que será que Dani Lima e Paola Barreto criaram que faz jus a este título tão sugestivo?
Repito: devemos ver o título como uma oportunidade a mais de sermos poéticos e não como apenas uma obrigação para que o texto seja identificado no sumário. Como exercício, que tal pensarmos em título hipotéticos para poemas, contos, romances?


Marcus Vinicius Quiroga

Um comentário:

  1. Olá professor!
    Para mim, de fato é um desafio colocar títulos.
    Acho excelente a ideia do exercício.
    Bjs
    Marcia

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